Vendo a filha pedir pão
E não podendo comprá
Arlindo se transformô
Num ladrão profissioná
Foi preso e num certo dia
Da prisão pegô lembrá
Que a filhinha doente
Esperava o seu presente
Pois ia aniversariá
Ele fugiu da cadeia
E foi a filha encontrá
Naquele ranchinho pobre
Em noite de temporá
Quando a velinha do bolo
Ela correu apagá
Ouviram bater na porta
Era a polícia de vorta
Que vieram seu pai buscá
Quando ele abriu a porta
Somente um tiro se ouviu
Acertando na menina
Que sobre o bolo caiu
Enquanto o pai ia preso
Ficou no rancho vazio
A vela do bolo acesa
Iluminando a pobreza
Daquele corpinho frio
Noutro dia da cadeia
Ele viu o caixão passá
Levando o corpo da filha
Para a morada finá
Chorando por trás das grades
Pediu a Deus pra levá
Para o céu todas as criança
Que pobre, sem esperança
No mundo vive a pená
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)