Uma porteira que existia onde eu morava
Quando a noitinha chegava, ali toda a vizinhança
Contando estórias ao luar se reuniam
Junto a porteira que um dia viu raiar a minha infância
Ficava ao lado de uma estrada boiadeira
A batida da porteira ecoava no sertão
Ecos que ainda permanecem em meus ouvidos
No estradão de chão batido, chão de minha solidão
Como a porteira que eu fechei lá no estradão
Outra porteira dentro do meu coração
Hoje divide meus caminhos desiguais
Que se fechou no triste adeus do nunca mais
Porteira velha no caminho de meus passos
A batida de seus braços em seu peito de madeira
Foi a divisa da infância prá mocidade
No batente da saudade ficou marcas derradeiras
Na outra banda eu deixei o meu passado
E chorando deste lado arrasto a cruz do presente
Presente triste de chegadas e partidas
Onde a porteira da vida deixou marcas no batente
Como a porteira que eu fechei lá no estradão
Outra porteira dentro do meu coração
Hoje divide meus caminhos desiguais
Que se fechou no triste adeus do nunca mais
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)