Há um olhar de quem espera o ruim se a suceder
Choro em colo de pai, vindita no anoitecer
Há uma revolta incontida, vergonha feito um açoite
Há um pé no asfalto e sobressaltos na noite
Há um olhar cheio de ódio, escuro sem ter um lume
Brasa apagada nos dentes, carne quente frio de gume
Não se ouviu gritos de dor, nem rastro ou rumo se viu
Só uma adaga atirada quebrando espelho do rio
Há um flor colorada por entre os brancos vazios
E um olhar quieto no povo na volta do racherio
Há um corpo sobre a mesa, quatro velas num Sol por
Silêncio de quem espera outro olhar na mesma dor