Olorum chamou herdeira no aiyê!
No firmamento, velho Omolu
Era a cura pra salvar ilê
O recomeço Mojubá Exu
Ventre encantado fez Iyá Maria
Vovó Davina apontou o céu
Oraieiê do ouro a luz divina
Se fez doçura pra abrandar o fel
Era tempo de diáspora do povo preto
Era sangue e degredo meu sagrado em punição
O tambor que, cultuado, insistiu em resistir
Fundamento assentado em São João de Meriti
Disse a farda ser a Lei, vilipendiou
Foi Xangô, meu rei, contra o opressor
No chão batido, um céu de xirê
Pequenas Áfricas de Oxalá
Renovam vida por Oxumaré
E purificam pelas águas de Iemanjá
Ogum se junta a Logun Edé
Intensificam luta de Iansã
Vencer demanda é dom de mulher
A luz de Obá e o saber de Nanã
Onde dançam orixás, o preceito é ancestral
Cada um com sua crença nesse meu Brasil plural!
Que Oxóssi atire a flecha e atinja os corações
Pra que haja mais respeito entre as religiões
Eu vi a coroa d’Oxum, ô Meninazinha
Unidos feito Ponte, o amor e o axé
Som de Ketu é atabaque, Yalorixá Rainha
Deixa em paz meu terreiro de Candomblé