Ninguém ouviu um soluçar
Triste lamento entoou
No canto das três raças
Não sou escravo de nenhum senhor
Oh mãe África
Seus filhos vem aclamar!
Arrancados do seu chão
Jogados no porão
No tumbeiro a navegar
Hoje sou mercadoria
Trago no peito a marca da covardia
Real meu sangue escravo na cor
Sem meu batuque e identidade nagô
Meu canto não ecoou
No cativeiro
Forjando a cicatriz da ignorância
No sangue derramado a intolerância
Olhai por nós, senhor
Os filhos deste chão
Na crueldade, vejo a esperança
No sofrimento um irmão
Vencendo preconceitos
Tenho meus direitos
Mostro meu valor
Um canto livre por liberdade
Imponho respeito, dignidade
Hoje o quilombo e a favela é aqui
Becos e vielas
Faz a vila se unir
De punhos cerrados
A mordaça não vai me calar
Vem lutar!