Meu povo chegou de Daomé
Escravizado pela mão do invasor
Trazendo na alma axé
A fé foi alento na dor
Nasci em São Salvador da Bahia
De todos os santos, ogum é meu guia
Subo a ladeira do Pelô
A batucada começou, tem capoeira (ê, camará!)
Histórias de um griô
Memórias vindas de lá do Gantois
Ôôôô do barravento vem a força da transformação
Ôôô do meu quilombo ecoa um grito de libertação
No cinema novo fiz brotar
Resistência popular
Eu sou pitanga!
Na tela a pele negra reluz
Um gingado que seduz
Eu sou pitanga!
Com raça venci preconceitos
Mostrei meu talento e opinião
Na oficina da arte segui lutando contra a opressão
Deixei o sol entrar
Vivi lindas manhãs
Meus frutos vi crescer
Rio de Janeiro, de braços abertos me acolheu
Pra você eu tiro o chapéu, Mangueira
Estação primeira do meu coração
No céu, a estrela não vai se apagar
Brilha na terra, ilumina o mar
É sentimento que não tem fim
Bendito amor que mora em mim
Sou Porto da Pedra, chegou o momento!
No berço do samba, nosso apogeu
Guerreiro e bamba, negro em movimento
Esse mundo é meu!