Eu já não sei onde guardar tanta saudade
Dos velhos tempos que vivi no estradão
Hoje meu peito é um jazigo de lembranças
Onde sepultei os velhos sonhos de peão
E ao fechar os olhos vejo uma boiada ruminando
A relva umedecida na capina
Um berranteiro anunciando o fim de mais um dia
A noite morna chegando na surdina
Eu sou o filho da saudade
Eu sou a lembrança do estradão
Eu sou a sobra de um tempo tão distante
Nada mais que um simples resto de peão
Mas todo sonho do passado sempre volta
Porque a saudade ressuscita novamente
Em pensamento eu vejo tudo que fazia
Naquele mundo tão gostoso e diferente
Hoje não vejo mais boiada, nem estrada e nem sertão
E nem berrante despertando a peonada
Eu que já fui de tudo isso um pouquinho, hoje sei
O quanto é triste minha vida em outra estrada
Eu sou o filho da saudade
Eu sou a lembrança do estradão
Eu sou a sobra de um tempo tão distante
Nada mais que um simples resto de peão
Nada mais que um simples resto de peão
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)