José Fortuna
Toada
Depois que os anos meu viver cansaram
Voltei pisando ao meu velho rastro -
Fui ver a casa onde eu vim ao mundo
Em seu lugar só havia pasto!
Mais entre a grama só encontrei uma telha
Que viu um dia eu chegar a vida -
Sinal pequeno que a saudade guarda
Resto de mim que lá ficou perdida!
Telha... que viu eu dar os meus primeiros passos -
Telha... me deu repouso após o meu cansaço!
Telha... que sombreou meu mundo de menino -
Telha... sinal marrom no chão do meu destino!
Antes que as rugas em meu rosto chagam
Uma por uma igual a um telhado -
E sobre elas rolar os meus prantos,
Sempre que a mente voltar ao passado!
Eu fui buscar a derradeira telha
Onde as aranhas haviam bordado -
Com fios do tempo essa cruel cadeia
Onde meu ser padece aprisionado!