Vem comigo
(João morgado)
Olhem estas rochas altivas!
Meditem este riacho de águas vivas
A caminho da foz
E deste amor que há em nós
Esta água espelha paixão...
E tantas coisas que nos animam
Tanto tesão
Em sinais que assim culminam
Precisam ver esta espuma agitada
Que ainda não vos mostrei
Nesta água endiabrada
Onde me lavei...
Foi aqui nestas águas que lavei a boca
Dos beijos que não dei
Por isso hoje sinto a voz rouca
E sinto que aqui me enamorei...
Este atalho achado e perdido
Gemidos dos meus ais...
Perfume de absinto, porque é proibido...
Vivido no sal dos sais
Tenho comigo o amor da lua
E nele a loucura da idade
Que isso não pode negar, se é verdade!
Esta letargia... Oh… saudade!
Puseram mel doce na bebida
Que eu sinto o melado nos lábios
Que me droga... me vicia... me dá vida
E ânimo p’ra enfrentar estes desvios
Tanto quero, que me entrego inteiro
Me dou a este sonhar com avidez
Quero este Sol brejeiro
Nesta noite me cobrindo a nudez
Vem! Vem comigo, ver este rio
Que jamais te arrependerás
Vem me mostrar este sinuoso desvio
Provar comigo desta sangria de rapaz