Que desatino é este
(João Morgado)
Que desatino é este, que de mim provém
Se só forjo uma maneira de ser amado
Numa excitação de amor como convém
Em que sejas tu a companhia a meu lado
Que desatino é este, que me afogueia
Se só penso em beijos humedecidos
Vindos desses lábios de sereia
E imagino teus amores enternecidos
Que desatino é este, que me assalta
Se só te imagino nos meus braços
Acalorada e louca de desejo feita peralta
E acometido de tesão, sou embaraços
Que desatino é este, que me extenua
Se só penso no teu sexo quente
Só consigo te imaginar nua
Derretendo -te de prazer docemente
Que desatino é este, se sou fogo vivo
Se apenas sonho com noites de orgia
Que se passará? Será porque me privo?
Ou porque não te tenho, tal qual queria?
Que desatino é este, se me sinto desanimar
Se tudo o que quero no momento
É poder contigo e a ti amar
Este desvario é todo o meu tormento
Que desatino é este, quando em ti penso
Se só imagino loucuras de prazer
Não entendo toda esta falta de senso
Que desatino é este, podes me dizer?