É brutal castigo
Aquele som sensual da voz rouca
Sussurrando palavras de enfeitiço
Nossa música preferida que toca
E com os dedos desenhando a boca
Beijos atrevidos... Oh belo enguiço
As mãos enlaçadas são agora francas
Na procura bela de outros contentos
Sentindo o húmido do amor entre ancas
Momentos cheios de “magias brancas”
O fogo queima-nos, a todos os momentos
Induz-nos a devaneios atrevidos
Na dança embriagada do prazer
São êxtases delirantes, consentidos
Nesses momentos assim vividos
Nosso sonho, tormento de bem-querer
Serenamos a porfia em nossos fados
Desejando os corpos fundidos num só
E assim dormimos abraçados
A essa ideia, de suspiros entrecortados
Até que a sorte de nós tenha dó
Queremos um e outro ser felizes
Só com olhares, palavras ou desejo
Esquecendo que tudo o que dizes
É absorvido na alma e nas raízes
E não se aquieta assim sem um beijo
A dor da distância é feroz
Mata o mais belo que há em nós
Amor platónico nesta idade
É martírio bastante para a insanidade
Oh sofrer assim de estarmos sós
Não fora esta ambição de ser feliz contigo
De saber que sou mais que um amigo
E me deixava já aqui findar
Porque viver sem jamais te abraçar
É tormento superno! É brutal castigo.
João Morgado