(João Morgado)
Olhai, como no paraíso andam soltos,
Afrodite, Vénus, Eros, Ísis, Cupido,
Deuses deste Olimpo invertido.
Da minha boca escapam-se ais revoltos?
Minhas noites tristes, sem encanto,
puras, é certo, mas sem graça.
Noites dissecando o que se passa,
nesta vida estúpida, feita de pranto.
Noites de dor em que eu sou santo,
feitas de horas amargas de quebranto.
Em que seco os olhos húmidos do carpido.
E pinto! Mancho o fundo negro do meu canto.
Quando eu te amo e quero! Tanto! Tanto!
Quando nem te escuto um simples: Querido!