Eu acredito
Deitado na relva perto da ribeira
Cerro os olhos e dou asas á utopia
Sinto nas águas uma esteira
Entre o sonho e a fantasia
A tua face, brilhando estou vendo
Entretanto, com a luxúria da margem
Sinto o fresco me percorrendo.
Pelo sorriso que observo na miragem
És tu, pensando em mim que me acodes
Num jugo, a dizer-me do teu bem-querer
Talvez pensando em tudo o que podes
Comigo e em mim também fazer
Só peço aos Deuses, algures…
Que olhem p’ra nós com engrandecimento
Imagino que p’los teus lábios jures
Fidelidade e amor, de mim tens o juramento
E de olhos fechados continuo a sonhar
Apenas deixando a brisa acariciar-me
Parece que me sussurra em beijos sem par
Amo-te, meu “Panda”. Vem amar-me…
Mas, o vento parou junto ás águas
Para suavemente ao meu ouvido gemer
"Como lamento meu amigo as tuas mágoas!
Nem tu nem ela, merecem assim sofrer"
Levantei-me e junto ao rio lavei o rosto
O frio da água, entrando em mim deixou revelado
“Amigo, espera melhores dias, o fogo está posto”
Eu acredito em ti, Rio Sagrado!
João Morgado