O céu está tão negro ao meu redor,
com nuvens da cor do basalto
e no chão deste asfalto
há uma vala difícil de transpor.
Ao longe se vislumbra o mar na imensidão
que como um sonho se transfigura
numa graciosa e doce figura
duma musa, apertando um coração.
Não apertes tanto, sacarino céu,
que pode o azul se alterar, fundir a glicose
e pingo a pingo remanescer a osmose
destas células impulsivas que vibram no breu.
Se a musa se vestisse da cor do amor,
como tantas vezes se vestiu.
Se beijasse o que este céu expeliu.
Oh, delirante sentimento, inquietador!
Vem a meus braços musa minha,
se é que és minha de algum modo.
Inspiração tu és e me incomodo!
Bailam as palavras na loucura, se adivinha!