Piquenique
(João Morgado)
Queres ir de mão dada comigo
Passear na serra, fazer um piquenique
Colher flores, convívio de amigo
Dançar e cantar ao despique
Todo o mundo te quer por perto
Tua presença nos faz falta
Essa áurea nos deixa de peito aberto
Por contagiares a malta
Veste aquele vestido de chita
Estampado às flores grandes
Ficas mais viva e bonita
Deixas encanto por onde andes
Põe o chapéu de palha na cabeça
Aquele da fita cor-de-rosa
Isso mesmo, só porque te peça
Sinto-te mais vibrante e radiosa
Não esqueças os chinelos de tecido
Aqueles que condizem tão bem
Com o chapéu e com o vestido
Ficas bonita assim, como ninguém
Põe também aquela fita de cetim
Para te poder segurar quando rodopiar
E quando tentares te agarrar a mim
A fita se solte e circunde o ar
Lembras-te daquela cesta de vime
Que o ano atrás eu levei às costas
Pois vai comigo de novo! Á esquecia-me
Vai cheia de acepipes como tanto gostas
Levo aquelas empadas deliciosas
Croquetes e rissóis de camarão
Não foi eu quem fez, foram umas mãos habilidosas
Também levo uvas, cerejas e melão
Tenho uma surpresa p’ra ti
Daquelas que eu sei, te enfeitiçam
Um carinho delicioso, que não conto aqui
Porque surpresa é surpresa, e mistérios te atiçam
Olha, traz aquela máquina fotográfica
Que te calhou na quermesse
Para recordar depois como fica
Que passeio assim, nunca mais esquece
Vou levar o realejo
Que me deu o meu padrinho
Para que ande de beijo em beijo
Soando viras e valsas e um ou outro fadinho
Já vibro só de pensar
Que bela tarde vai ser
Podermos passear
De mãos dadas, ate ao escurecer
E depois, quem sabe, p'la noite além
Poder te apertar nos meus braços
Já sonho como ninguém
Poder tirar esse vestido, o chapéu e os laços