Quero-me teu
(João Morgado)
Foi inebriante fixar-me em ti e meus olhos viram
Despindo esse corpo em brasa duma só vez
Será que nem sentiste que meus lábios te despiram
No mais secreto, banhando essa macia tez
Senti quando os meus dedos te tocaram
Tremeres, parecendo espasmos em frenesim
Se foram estes os vícios que um dia me geraram
Assim entendo esta convulsão que trago em mim
Não sou eu que te quero. Não sou senhor de mim
Mas se hoje te respiro e choro e sorvo, não sou eu
É o Demo que me tenta e agita e me tira o Céu
É a carne que me escalda e súplica sem fim
Não ardas nem apagues esta chama, tão fugaz assim
Que me quero derretido em teu corpo, quero-me teu!