A voz que vem da Amazônia sou eu
Caboclo Munduruku não se entrega jamais
Pariwat é o nosso eterno algoz
Quem traz o progresso na mala, invade o tapajós
Lida, teu nome é Ford
Bicho que assopra e morde
Mal que se instala e não se perdura
Cobiça que mata e faz sofrer
A palavra é sobreviver
Na floresta onde mora a cura
No Tapajós, que em segredo essa mata guarde
Fordlândia é a cidade
Onde um sonho de vencer ficou pra trás
O pesadelo nasce com os seringais
Segue o rio um barco de encantes
Num horizonte verdejante
Onde nada era verdade
A esperança residia
No escuro da estrada
A Poranga alumia
Quem venceu não levou nada que ironia
Acabaram os encantos, silêncio na mata
A noite é sombria
Brilha um novo sol, num belo dia
O dono da terra voltou pra ficar
De branco e encarnado
Meu samba é a flecha ancestral
Amazônia livre
Gritou São Gonçalo
De punho cerrado, não quebre a corrente
Por todo Brasil, por toda essa gente
Na Porto da Pedra, a floresta vence!