Vejo o dia clarear na Paulicéia
Vem comigo desfilar
Plateia
Sou eu xamã
Senhor Exu da cultura
Devorado no quilombo Saracura
Prazer
Sou o Zé do teatro oficina
Será o vento forte a minha sina?
Do chão empoeirado vi o samba amanhecer
Abri os portões, mirei no passado
Todo mundo pelado enfrentando os fuzis
Navalha nessa burguesia
Em busca de novos brasis
Atuar, atuar, atuar
Pela liberdade que foi reprimida
Nunca deixei de sonhar
Com o amor colorido nos palcos da vida
E na roda-viva do tempo
Me reinventei a cada movimento
Cai na orgia desvairada
De corpo e alma à arte me entreguei
Lutei, o teatro para rua levei
Dei asas à loucura
Agi com a razão
Bixiga do raiar do Sol mais reluzente
Meu povo, minha raça, minha gente
A nossa luz jamais se apagará