Sobô nirê mafá de longe ouvi chamar
A fumaça me trouxe até aqui
Arreia em terreiro encantado
A falange de malungos
A galopar no chão profundo da jurema
João Batista, o líder dos motins
O derradeiro, o pavor dos tiranos
Um encantado na fuga do cativeiro
Com a cabeça a prêmio, eu fui o mensageiro
Subi o altar de caboclo
Com a minha preaca na mão
Trabalho na força das ervas, na força da maceração
Já fui ferido de morte, amolei foice e facão
Guerreiro na boca da mata
É poder de cura é coroação
Eu sou Malunguinho, Malunguinho
Sobô nirê mafá de longe ouvi chamar
Semente, folha e raiz
Sou Malunguinho, Malunguinho
Sobô nirê, mafá
Caboclo da mata do catucá
Sete cidades passei em sete cidades
Sete cidades lá na mata onde ele é rei
As sete chaves para abrir as sete portas
Onde a jurema encantada eu encontrei
Eu arreio na jurema, em junca e Vajucá
Em anjico e aroeira manacá e catucá
Fumaça é fogo, meu cachimbo é meu segredo
A chave que abre a porta, a chave que fecha o corpo
Estrela que alumia, eu sou o tambor de caboclo
Eu tô na calunga do maracatu
No coco de roda, na gira de exu
No coco de gira e no caboclinho de sete flechas
Eu sou Malunguinho
Sou eu, sou eu guardião da encruzilhada
Me chame exu trunqueiro
E quem pede, recebeu
Sou eu, sou eu
Viradouro está em festa
Hoje sou o reis Malunguinho
Trago a força da floresta