Eu sou o rio em verde e rosa
Banhado pela força dos meus ancestrais
A minha alma celebra a vida
E faz o carnaval
Ouça o mar a cantar
No cais a ecoar lembrança
De cabinda, Luanda e Benguela
Bantos na fala, esperança e verdade
Criam visões de um mundo tão belo
Vem no suingue do batuque
Pés descalços, a negritude
Peito vibrando num compasso de união
Desperta a essência na superação
Nos trilhos, a vida a brilhar
Um canto que nunca vai calar
O rio e o mar num abraço profundo
Memórias submersas ficaram guardadas
Força vital nos guia num canto fecundo
No espelho d'água o invisível mundo
A nossa existência é um ciclo sem fim
Nascer, renascer e se perpetuar
Kavungo guardião da terra a nos guiar
Bênção divina nos faz prosperar
Rufam os tambores num ritual de fé
Pra cultuar os orixás no candomblé
Prepare o dendê, misture o fubá
Ervas e plantas pra curar
A gentileza preserva o amor
Amar o próximo seja onde for
As ruas guardam as recordações
Das lutas entre dores e paixões
Mangueira, a sua herança é pilar deste lugar quilombola
A chama não se apagará
A Mangueira é cultura, voz do samba
Meu quilombo é resistência africana