Olê, olê, olê, mulher rendeira
Tantos causos pra contar
Viola ponteia
Olê, olê, olê, vem pioneira
A vitória vai chegar
Sou Vizinha Faladeira
Na pele as marcas do tempo
O sol que castiga inclemente
Olhar que mira o infinito
Reflete o grito dessa brava gente
Com sede, a peste da fome
Faz do homem cabra macho, sim, sinhô
Cada dia uma batalha pra vencer
O sopro ardente faz enlouquecer
Cai o véu da noite, se livrou da foice Caetana
Diz o poeta então: Bem-vindo à terra do cão!
No cordel a poesia nos meus versos mora
Me valei! Compadecida, Nossa Senhora!
O orvalho vem caindo, oxente, existe não
Luar como esse do sertão
A arte alevanta do chão
Barro esculpido com a mão
Deus vence a peleja contra o mal
Nesse universo desigual
Repentista, cancioneiro, é meu forró
Se lamenta o sanfoneiro de um olho só
No raiar de um novo dia
Me protege o gibão
Tenho fé em Padim Ciço
Vai chover no meu torrão