Peco licença para o dono da encruza
Pro meu cortejo soberano desfilar
Guia no peito, agô, dobro o joelho
Sandália branca, oferenda no alguidar
Filho de Yansã e de xangô
Fui erê lá na pedreira
Eu sou cria das ladeiras
Aprendiz dos ancestrais
Um herdeiro do tambor
Bom malandro da avenida
Minha escola foi a vida, presente dos orixás
Eparrei, kabecilê meu pai, presente dos orixás
Giro no xirê, sigo procissão
Toco o adarrum
Pra nossa senhora Oxum e à cigana peço proteção
Batizado no andor da fé e banhado de axé
Veje bem, e não me queira mal
Fui genioso sim, diziam genial
Fiel, orgulhoso, espirituoso e o dom natural
Preta voz em busca da perfeição
O ritmo e a canção em harmonia
Nessa alquimia
O mago, o griô e uma nação
Venham quilombolas, macobebas, curumins
Monstros e mendigos, minha luta não tem fim
Vai muito além do meu gurufim
Os olhos marejados, que saudade
Do canto forte da comunidade
Eu nunca vi igual
O rolo compressor do carnaval
Ogum patakori, já fiz o meu orô
E hoje estou aqui, a rua prateou
De todos os santos e todos os sambas
Eternamente um beija flor