Tenta ser Deus criador
Mas nega o amor, flores e poesia
Não, não é pai nem doutor
Quem semeia rancor vai colher agonia
Quando ecoar nossa voz
Pra tocar o algoz com as dores do mundo
Vai beija-flor traz seu candor
O ferimento é profundo
Dorme na calçada buscando paz
Procurando colo, um conselho
Quer saber, somos todos pais
Omissão refletida no espelho
Vamos pra calçada buscando paz
Emprestar o colo, um conselho
Quer saber, somos todos pais
Omissão refletida no espelho
A monstruosidade invertida
Nega um prato de comida, um pedaço de pão
O ser humano prisioneiro da ganância
Condenando a esperança à escuridão
Desapegado, amargurado, seduzido
Tão pobre que só tem dinheiro
Nobres lares gradeados
De reféns guardados em seu cativeiro
Meu samba foi marginal, perseguido
Hoje é o grito do excluído
Pra não ver criança esperando a bala
Perdida, a fé profanada, na esquina da vida
Costuro faces da cultura popular
Ó pátria, quem pariu tanta sandice
Não faz carnaval nem entende o que eu disse
Vai passar
Vem pra rua
Vem lutar com pandeiro e viola
Pra erguer esse Brasil
Como erguemos uma escola
Menino beija-flor ensina a lição
Só o amor pode curar
Só o amor traz o perdão