Tão menina, em frente ao mar
Lacrimejou marés
Vertiginosa profecia em visões babéis
Memória submersa no oceano
Seu legado Africano renegado foi primeiro
Rebatizada Flor no Rio de Janeiro
Vendida foi, peregrina para Minas
Cravejar quinze dias
Com temor duradouro
A cobiça depravada ouviu
Dignidade não se paga em ouro!
Magia desse batuque
A Lua acende a fogueira
Preta que gira a saia
Girando a noite inteira
Fumaça desse cachimbo
Esquenta como o tambor da Viradouro
Sopra Ventania
Provou fogo como pena
E o padre fez suor
Contra sete era uma só
Assim como Madalena
Devota nas contas do Rosário
Então, na fé revinda a São Sebastião do Rio
Mistura cultos e crenças
Recolhe e alenta
Ventres alvos de um sistema vil
Se revelando em mais que cinco corações
Primeira preta escritora do Brasil
De olhos fechados vê a face derradeira
Real destino de uma vida inteira
Pois seus fiéis vermelho e branco
Formando um manto, o nosso rito
Ecoa um canto a ser ouvido
São arcas da salvação
Seu ritual de liberdade na avenida
Profecia a ser cumprida na escola da emoção
Abençoada Viradouro
O povo aclama a Santa Flor
E quando amanhecer, em cada coração
Vai brotar uma rosa de amor