Courana sou eu
Olhar inocente sob o espelho d’água
Em transe ao destino manto reluzente
O pranto deságua
Visão resplandeceu e me protegeu
Logo submergiu
Deixei Benin, impele em mim
A Rosa Mística do Brasil
Pés descalços, romaria
Em meus ombros Vera Cruz
Feito ouro de Minas meu corpo preto reluz
Brilhou nos batuques de Acotundá
Girava saia, girou o mundo
Me desfiz de tudo
Fui mistério e devoção em meu altar
Vento ventou, feitiçaria
O corpo arrepiou, a lágrima rolou
Sentindo o mal me queimar
O bem afagar, sagrado me levou
Voltei, rosário nas mãos
Joelhos no chão, Santana divina
Rezei, pelos pecadores
Acalantei as dores de almas peregrinas
Sonhei com as águas do céu
Lavando a intolerância com perdão
A esperança sob um majestoso véu
De mãos dadas com o rei Sebastião
Do alto, vejo um lindo amanhecer
O amor é maior vai prevalecer
Tambores africanos vem me coroar
Nesse cortejo popular
A força da mulher
Fiel em sua fé
De filhas e mães, Marias
Sou Rosa Negra Flor
E vim guiar meu povo
Estendo o manto sobre a Viradouro