Canta, Amazônia ajuremada!
Renascem contas no meu carimbó
Vai, miriti, a navegar
Pelas águas do Pará, sob o céu de Marajó!
Contam que um sultão em guerra
Para além de suas terras
Suas filhas embarcou
Frente à espada o amor primeiro
Muiraquitã no peito, amuleto pra vencer a dor
Quem mora lá na ribeira?
O Vodun que é dinastia
Pra Turquíssima Trindade engerar na Encantaria!
Averequete, pombo roxo, é Juremá!
Senhor das Espumas, Totem das Ondas do Mar!
Surge do barro energia de Auí
A flor mais bonita, semente de bacurí!
Poder encantado que se manifesta
Em cada cabocla que guarda a floresta
Na Jurema, a quarta conta à luz da Lua
Faz pajelança e recebe as belas turcas
Toque de abatazeiro, xequerês e maracás
Emana a magia dos ancestrais
Canta, Arara Mariana!
Ruge, linda onça Herondina!
Quem rasteja feito cobra na sumaúma é Jarina!
Vou tomar banho de cheiro só pra ver ela rodar
Num batuque chamegado que te faz carimbolar
Pororocas Parawaras encantam esse Grande Rio-mar
Pororocas Parawaras nesse Grande Rio-mar
Vem pra roda, menina! Aqui ninguém fica só!
Traz a saia Florida pra dançar carimbó!
Se o canto é de cabocla, de Mina é meu tambor!
Passarinho, quem te trouxe?
Foi o povo Tricolor!