Raiou o dia
Um novo tempo de paz e amor (de amor)
Um cortejo soberano
Arrasta o povo e faz seu canto
Eu sou beija-flor!
Quem sou eu?
Sou feito de sonhos
Em um paraíso que já se perdeu
Quem eu sou?
Espelho da vida
Refletindo as feridas da falta de amor
Numa selva de pedra
Dessa terra que já foi mãe gentil
Um filho abandonado
Da pátria que me pariu!
Sou criança, sigo o coração
Escrever o meu futuro
Traçando a imaginação
Falta o pão, não sobra opção
Prisioneiros mesmo em liberdade
Paz sem voz, irmão matando irmão
Onde está a dignidade?
Ratos engravatados
Sangrando a nação
Falsos religiosos
Explorando a devoção
Já não carregarei mais essa cruz
No fim do túnel, eu hei de ser a luz
Sou do samba!
Arte, cultura, batuque ancestral
Resistência
Voz dos excluídos, essência plural
O sangue pulsa na batida do tambor
Minh’alma é tão nobre quanto a minha cor
Unindo cantos e bandeiras
Costuro retalhos, sacudo a poeira
Pra todo mal findar na quarta-feira
Maria, a nossa Pietá
Das lutas não será esquecida!
De tantas fantasias, faço um carnaval
Sem os monstros da vida real