Sou eu
Espírito que vive nos tambores
O som que reúne o cangerê
Vibro a cada toque do Ogã
Me chamo Ayan!
A musicalidade entre Orun e Aiyê
Você pode me ouvir na trovoada
A mão no couro e na ferida do opressor
Meu sopro é brisa da verdade emancipada
O porta voz de quem tem a voz silenciada!
Se tem xirê, desperto!
Embalo o samba no romper da madrugada
Estou presente em cada timbre do universo
Falo qualquer dialeto através da batucada
Batida invertida que emana saber ancestral
Conhecimento da vida espiritual
Agô às divindades africanas
Nos terreiros e nas matas
Pra fazer o ritual
Eu sou o grito, compromisso, manifesto
Quando o povo ganha rua em forma de protesto
Quem me acompanha nas palmas
E faz tremer o chão?
É o Quilombo Niterói, que é religião!
Laroyê, ê, mojubá! Marafo
No batuque verde e branco renasço!
Incorpora, Cubango! Firma batuquejê!
Toca opanijé pra Obaluaê
Com a força da palha e o poder do xaxará
Não há mal que resista ao axé do orixá!