Rio, a senda encantada
Onde Deus fez morada, Monã!
A ingratidão lhe trouxe a ira
Veio o castigo a destruição
Do pranto de um caboclo foi concedido o perdão
Ressurge o paraíso a vida à beira-mar
Irin-magé teve a missão de povoar
Maíramûana, seu filho, a imagem da fé
O profeta guru, a ancestralidade do pajé
Água pra beber, solo pra plantar
Ave pra comer, peixe pra pescar
Entre o azul do céu e a imensidão do mar
A enseada kûánãpará
Chemembuíra rakuritim
Na taba kaióka, vai nascer um curumim
Ritos, preceitos, maraká a chocalhar, a chocalhar
Bravos guerreiros, dia a dia a trabalhar
No grande quintal, o ideal, cordialidade
Viver e sonhar com a eternidade
Ê fuzuê ê ê ê fuzuê ê ê
Maloca cheia, algazarra encandeia
Corpo pintado, os tambores vão romper
Vai ter kaûím até o dia amanhecer
Mas o elo desse amor não pode acabar
A poesia é um desalento a se cultivar
Semeie a esperança, adoce o rancor
Do manto azul e branco ao esplendor
Só de falar contagia
Portela é magia, meu Guajupiá
Águia altaneira em Madureira
Terra sem males, berço de tupinambás