Grandiosa arquitetura é a vida
Lapidada pelas mãos do criador
A esperança renasce todo dia
Descortina o amanhecer e já raiou
Acendo vela numa prece e lá vou eu
Pelas vielas da favela minha infância a sucumbir
Mãe! A luta grande, mas serei orgulho teu
Pros meus irmãos, o pai que nunca conheci
Semear o amor, colher dignidade
Construir um futuro melhor
Vencer mazelas da prisão sem grades
Quando a pele arrepia, na mais doce melodia
Estrelas pintam pelas ruas tom de prata
Salve o santo guerreiro!
Na fé de Jorge vem a noite enluarada
Filhos da simplicidade, sorriso estampado no rosto
Vive a comunidade com seu requintado bom gosto
Tem dendê no tempero da “tia bené”
“Domingo” o povo canta de alegria
E na adversidade lutamos de pé
Dou um porre na tristeza, faço ela sambar
Pra curar a tirania disfarçada de alforria
Clamo, por igualdade e proteção
Na comunhão dessa gente aguerrida
Voz embargada em silêncio a implorar
Quilombo da ilha pede paz
Pra nunca mais ver uma mãe chorar
Ilha! Pelos caminhos escrevi a minha história
E nas esquinas meu destino escolhi
A vida é feita de superação
Sonha menino aprendiz!