A verdade é uma colcha (ôô) de retalhos desfiada
Tem o fio do navio no convés da madrugada
E a cruza encantada de princesas e sereias
Nesse mundaréu das águas
Um castelo de areia
É marinheira de bordo, agulha de Mariá
Quem quiser ver Mariana vai na espuma do mar
Tóia Jarina margeando a liberdade
Traz a bela Herondina pra Turquíssima Trindade
Curumim me ensina a guardar o banzeiro na canoa
Onde Averequete voa e na lama incorpora
Me ensina a guardar o segredo no avesso
O portal do recomeço, de curimba e caipora
No balanço da maré! Marajó, Mururé
A flor do igarapé onde o boto assovia
No balanço da maré! Pajelança da Jurema
Pela flecha e pela pena, a Cabocla rodopia
Não sei quantas luas eu vou navegar
A fé me insinua até Guajará
A corte é de Parailô
É de Mina, Jejê e Nagô
Quatro Contas vão me guiar
Ê Curimbó, é batuque da encantaria
Amarrado ao cipó o axé da Turquia
Há seiva, perfume no ar
Ererê erê arêá
A doutrina que me rege baila na preamar
Ererê erê êrá
Olha que jambu na cuia faz tremer o Grão-Pará!
É meu carimbó, carimbolou, carimbolá
Pra enfeitiçar em águas claras
Senhora magia no terceiro dia
Sou Grande Rio, pororoca parauara